sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Falácias, mentiras e descaramento

Que a grana faz o mundo girar, todo mundo sabe. Ou como dizem na língua de Shakespeare, money makes the world go around. Dentro desse pensamento, faz todo o sentido que uma companhia procure falar mal dos concorrentes. Lógica de mercado. Se a marca A é ruim, a marca B é boa. E B terá mais clientes que A.
No mundo da informática, em específico no mercado de software, isso também existe. Mas esse mercado é algo sui generis, na medida em que software é uma abstração da realidade, ou seja, uma modelagem em linguagem de computador de um método, ação, etc. A rigor, uma idéia sobre algo. Da mesma forma que um método matemático, por exemplo. Por isso as leis de patente da Europa não contemplam o software algo algo patenteável. A tradição cultural européia (lembre-se do ilumisnismo, René Descartes, Galileo, Da Vinci, Mendell, etc, a lista é interminável e remonta à Grécia antiga) enxerga o software exatamente como ele é. Uma abstração. E define como item patenteável não a idéia em si, mas o produto FÍSICO dela. Ou seja, um engenho, uma peça, algo de propriedade física palpável. Dentro dessa perspectiva histórica percebe-se os avanços tecnológicos da humanidade, na medida em que as idéias e a capacidade de tê-las não são exclusivas do homem A ou B. Ou da empresa A ou B.
Refletindo sobre isso, é de se estranhar, do ponto de vista do respeito à capacidade criativa da Humanidade, que os EUA aceitem a patente de software. Ou pior, a patente de idéias. Como é o caso do duplo clique do mouse.
Mas aí é preciso considerar também a natureza sócio-político-econômica da psiquê dos estadunidenses, em especial dos que querem patentear suas idéias e daqueles que consideram tais patentes como algo plausível. A lógica deles, estadunidenses, é manter o estilo de vida deles a qualquer preço.
E isso se aplica no mercado de software também. As armas usadas vão desde o falar mal abertamente, ao cooptar pessoas por meio financeiro (pagar) para que difundam nos seus países de origem as idéias que são benéficas a eles lá nos states. Por isso se vê tanta gente "defendendo" o indefensável. E usando os mesmos argumentos da matriz.
Confesso que o que mais me chateia nesses casos, é o insulto à minha inteligência quando vejo argumentos tecnicamente furados ou coisas do tipo " a empresa X faz melhor que o tal software livre". Diz que faz melhor, mas não diz o que exatamente.
Parece até um tal de Steve Ballmer, dizendo que o software livre infringe patentes da MS. Só não diz quais. E nem processa por isso, o que seria um direito dela, MS, caso ocorresse de fato a tal infração. E tem gente que acredita...

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